18 de Novembro de 2020 - 14h:44

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Saraiva apresenta sétima versão do seu plano de recuperação judicial

Pela nova proposta varejista propõe vender parte de sua operação e usar recursos para pagar credores, recompor fluxo de caixa e arcar com dívidas assumidas depois do pedido de recuperação judicial

Por: Publish News

A Saraiva, conforme estava previsto, publicou a minuta do aditivo ao plano de recuperação judicial. A varejista segue com a sua proposta de vender parte de suas lojas (físicas e virtual) como forma de levantar dinheiro para (1) pagar parte dos seus credores, (2) gerar capital de giro que garanta a continuidade da sua operação e (3) arcar com o pagamento de créditos assumidos depois da recuperação judicial.

Ainda na versão anterior do plano, as unidades foram divididas em três Unidades Produtivas Isoladas (UPIs): a “Lojas”, que reunirá um conjunto de lojas físicas pelas quais a Saraiva pede entre pelo menos R$ 113 milhões; a “Site”, referente ao e-commerce da empresa com valor acima de R$ 90 milhões, e a “Mista”, composta pelo site e por um grupo de unidades físicas, com valor não definido previamente.

 

Caso consiga vender a UPI Lojas, os recursos serão usados para pagar prioritariamente os créditos de até R$ 10 mil. Uma vez quitada esta faixa, a varejista passará a pagar os créditos concursais e, por fim, virão os credores quirografários, microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP).

 

Caso não consiga alcançar o valor mínimo de R$ 113 milhões pelo site, a Saraiva deverá utilizar 100% do valor para pagar credores. No caso de vender o site por até R$ 150 mil, a Saraiva utilizará 15% do total para a recomposição do seu fluxo de caixa e os 85% restantes para pagamento de créditos. Caso consiga a venda desta UPI por um valor acima dos R$ 150 mil, 25% ficará no seu caixa e o restante será utilizado para pagar credores.

 

Caso consiga vender a UPI Mista, a varejista fala em compartilhar os recursos entre o fluxo de caixa e pagamento de credores.

 

Os credores quirografários, ME ou EPP – as editoras estão nesta categoria – deverão escolher entre duas formas de pagamento. A primeira – “Pagamento UPI” – prevê que os créditos sofram deságio de 80% e os 20% restantes serão pagos com os recursos apurados com a venda das unidades. Caso a cifra não seja suficiente para arcar com a quitação de cada crédito quirografário ou ME e EPP, o saldo necessário para o pagamento dos 20% será pago em 11 anos em parcelas mensais, com um prazo de 13 a 37 meses.

 

Os credores poderão ainda optar pelo “Reperfilamento”. Neste caso, os créditos seguirão um fluxo de pagamento trimestrais que durará até 2048, conforme tabela abaixo.

 

Uma novidade desta versão do plano de recuperação judicial é a opção de os credores pós-concursais – titulares de dívidas assumidas pela Saraiva depois do pedido de recuperação judicial – aderirem ao plano. Neste caso, a Saraiva prevê o pagamento de 50% das dívidas com recursos apurados pela vendas de uma das UPIs e o restante em cinco anos, em parcelas mensais com prazo que também variam de 13 meses a 37 meses.

 

Na próxima terça-feira (21), os credores da Saraiva se reunirão em assembleia para votar a nova proposta. Caso seja aceita, ela seguirá para a homologação pelo juiz responsável pela condução da recuperação judicial. Se não, o juiz poderá decretar automaticamente a falência da empresa.

 

Prejuízo no terceiro trimestre

 

Praticamente junto com a nova versão do plano, a Saraiva divulgou os resultados do terceiro trimestre de 2020 (3T2020). No período, a empresa registrou receita bruta ajustada de R$ 29,8 milhões, queda de 81,3% quando comparada com 2019. A empresa excluiu operações que tiveram impacto contábil, mas sem efeito caixa em seus resultados. Aqui destacam-se a desmobilização do Centro de Distribuição e saldões de produtos. Contando com estes recursos, a Saraiva apurou receita bruta de R$ 41,8 milhões no período.

 

A queda foi expressiva tanto nas lojas físicas (-79,8%) quanto no e-commerce (-83,9%). No critério mesmas lojas, a queda é de 65,9%. A empresa justifica a queda pelo impacto da pandemia do novo coronavírus na sua operação. Fala também de “falta de abastecimento de produtos” no seu e-commerce e da migração desta plataforma para o modelo full-commerce no final de agosto.

 

O prejuízo líquido ajustado da empresa foi de 24 milhões e o EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização), importante índice que mostra o potencial de geração de caixa da empresa, ficou negativo em R$ 23,4 milhões, apresentando um ganho de R$ 9,2 milhões em relação a igual período de 2019.

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